Confiram o vídeo do Blog do Garça no Jogo das Estrelas, promovido pelo ZICO, no dia 27/12 no Maracanã. O envento, que contou com grande público teve a participação de artistas e astros da bola. A renda foi destinada para Instituições de caridade.
domingo, 30 de dezembro de 2007
Rapidinha...
domingo, 23 de dezembro de 2007
NEGÓCIO DA CHINA!!
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
"Causos" do Moraes
Já faz algum tempo que eu quero colocar alguma coisa do Moraes por aqui.
Pra quem não conhece, ele é o dono do site www.historiadetorcedor.com.br. Um espaço com histórias fantásticas vividas por ele. Leitura Obrigatória seja qual for seu time.
Hoje vou postar uma das histórias contidas no site para a galera entrar um pouco no espírito do que é esse sujeito. Na semana que vem eu coloco a entrevista com ele.
UMA FAIXA ESTENDIDA NA RAÇA
A segunda fase da Libertadores foi contra o Jorge Wilsterman, em Cochabamba Bolívia. Eu, Cláudio (fundador e chefe da Raça Rubronegra) e seu irmão César, fizemos a maior loucura que um torcedor pode fazer pra assistir o jogo.
O Flamengo estava embalado e com chances reais de ser Campeão do Mundo. Tinha um timaço comandado pelo Zico e a galera estava super pilhada. Todo mundo querendo ir, mas o problema era grana. Aí resolvemos ir por terra, de ônibus, trem e o diabo que fosse. Assim que a noticia se espalhou pelo Maracanã, umas 100 cabeças toparam. À medida que se aproximava a data da viagem, todo mundo tirava o corpo fora. Era um tal de prova na faculdade, enterro da avó, mamãe não deixa...
Resumindo, do grupo que "topou" inicialmente, somente o Cláudio mantinha a palavra.
No domingo, no Maracanã, decidi confrontar a turma:
- Como é que é: quem vai afinal à porra do jogo?
O único a responder sem enrolar foi o Cláudio:
- Moraes, eu quero ir, mas tô duro. Vamos de ônibus né?
- É, vamos por terra. Quem topa?
Só ouvia isso:
- Vocês são malucos... Vão ser comidos pelos índios, se não morrerem antes de febre-amarela!
- Quem quiser ir tem que estar aqui quarta-feira à noite, já com mala, passaporte, comprovante de vacina contra febre-amarela e uns 200 dólares. Saímos daqui direto para o Mato Grosso.
Ficou tudo acertado. A princípio iam uns vinte. Após o jogo, o Cláudio me chamou num canto e disse:
- Moraes, procura organizar: horário dos ônibus, preço da passagem etc. porque eu não manjo nada e, ainda por cima, vou duro. Você me dá uma força se faltar grana?
- Claro chefia! Além disso, vai a maior galera! Um dá força para o outro.
Ele me olhou e disse:
- Não conta com esses caras não. Não vai ninguém, só eu e você, e talvez meu irmão, César, que trabalha no Banco do Brasil, em Teresina. Aliás, vou telefonar ainda hoje para ele. Tenho certeza que ele vai topar.
Segunda-feira cedo eu comecei a me movimentar. Primeiro pedi licença na Embrafilme, onde trabalhava. Já liberado da labuta, fui tomar vacina e procurar os amigos, donos de agência de viagem, para fazer o roteiro. Para minha sorte, meu chefe na época, Dr. Dario Correa, era de Mato Grosso e tinha vários parentes por lá. Ele me deu algumas dicas e colocou à nossa disposição uma casa de uns primos para dormir, em Campo Grande.
Na minha pressa de resolver tudo, cometi um pequeno erro, que quase põe tudo a perder. Esqueci do visto consular da Bolívia. Na terça-feira liguei para o Cláudio e disse que já tinha todo o esquema montado. Nós sairíamos direto do Maracanã, após o jogo contra o Olaria, para São Paulo.
Ele ponderou:
- Ué, não tem ônibus direto para Campo Grande (Mato Grosso)?
- Tem chefia, mas sai às 17h aí perdemos o jogo contra o Olaria. Não dá.
- Ok. Então saímos depois do jogo. Olha, meu irmão chegou hoje cedo e vai com a gente.- Ele tem passaporte?
- Tem e já tomou a vacina, lá mesmo no Piauí. Tá tudo no esquema. Vamos levar comida?
- Só biscoitos. Eu não nasci para ser farofeiro, arrombado!
- Tá bom...A gente se encontra no Maracanã, no jogo, e depois vamos embora. E completou: agora vou me despedir da minha mulher...
- Qual delas?
Minha pergunta tinha razão de ser: há dois anos que eu conhecia o Cláudio e já tinha ido a 16 casamentos dele. DEZESSEIS. E todos com direito à festinha, presentes...Que filho da puta.
Quarta-feira à noite, no Maracanã: ganhamos do Olaria e conheci o César, irmão do Cláudio. Bobão, mas gente fina. Na sala da Raça (dentro do estádio), um monte de gente nos olhava, morrendo de inveja. Ninguém, no entanto, se aventurara a ir.
O Cláudio tinha ido à Gávea e conseguiu uma carta do Flamengo às autoridades do Brasil (Polícia Federal) e da Bolívia, comunicando nossa viagem. Isso nos tranqüilizou, pois, pelo menos, enterrados como indigentes não seríamos.
Assim que terminou o jogo contra o Olaria, o Alan (um componente da Raça) nos deu uma carona até à rodoviária Novo Rio. Lá compramos as passagens a São Paulo para a meia-noite. Chegamos em Sampa por volta das seis da matina de quinta-feira e imediatamente compramos as passagens para Campo Grande. O ônibus saia às oito, o que deu tempo para uma média com pão e manteiga, e uma esticada de pernas.
Embarcamos para Campo Grande e, após cortarmos metade do Brasil, chegamos por volta de meia-noite. Nas paradas na estrada só o Cláudio almoçou. Eu e o César ficamos no biscoito, com medo de encarar a comida, que era horrível. Desnecessário dizer que chegamos em Campo Grande morrendo de fome.
Vamos para a casa dos amigos do Dario. Lá deve ter um rango esperto. Afinal, os caras estão nos esperando - isso era meu estômago falando. Pegamos um táxi e fomos para o endereço indicado, localizado em Ipanema, bairro de Campo Grande.Eram quatro rapazes solteiros, jovens, que nos trataram muito bem. Realmente, tinha comida de boa qualidade. O único grilo era o “baseado”; os caras passaram a noite inteira fumando maconha. Nenhum de nós fumava nem cigarro; éramos caretas e estávamos lá, sentados diante dos quatro que revezavam um tremendo "charutão" (na nossa frente). E nós morrendo de medo da polícia pintar na casa. Ia levar todo mundo em cana, principalmente os "cariocas", na certa acusados de traficantes.
Acordamos cedinho no dia seguinte (sexta-feira) e, após um suculento café da manhã na casa dos amigos, fomos para a rodoviária e embarcamos para Corumbá, pela Transpantaneira, rodovia que corta todo o pantanal mato-grossense. Foi uma viagem fantástica, dessas que só quem conhece sabe do que estou falando: nós, o motorista e mais duas pessoas. A viagem durou quase quinze horas, por causa da estrada esburacada. Vimos todos os animais que existem por lá: veados, jacarés, onças, pássaros de todos os tipos, capivaras, enfim, tudo aquilo que só é visto normalmente no Globo Repórter. Inimaginável.
Com umas cinco horas de viagem, o ônibus parou para deixar os outros dois passageiros. Era uma espécie de quitanda, que só vendia cachaça, fumo e uns troços pendurados. Em cima do balcão havia uma espécie de estufa toda suja e, dentro dela, uma coxinha de galinha...verde. Devia estar ali desde o nascimento de Jesus Cristo.
O Cláudio logo falou:
- Oba, uma coxinha de galinha. Eu tô morrendo de fome, vou comer...
Eu olhei para o César e nós dois começamos a rir.
O César falou:
- Tu tá maluco. Essa porra deve estar estragada: tá até verde!
- Com a fome que eu tô... E, virando-se para o quitandeiro, pediu...
- Per favore, mê dá essa coxinha!
Fingi que não entendi o que ele estava dizendo e retruquei:
- Ô arrombado, tu ainda tá no Brasil. Vai falar portunhol na puta que o pariu...
- É mesmo, pensei que já estávamos na Bolívia - ele respondeu rindo sem desgrudar os olhos daquela coisa nojenta.
Nisso, o quitandeiro abriu a estufa e tirou “aquilo”. Juro pela minha mãe que, quando ele abriu aquela porra, todas as moscas que estavam perto (e não eram poucas) caíram mortinhas. E o Cláudio, como se estivesse pronto para degustar o mais fino patê, ou queijo francês, abriu a boca com gosto e traçou a coxinha inteira. Revoltado, César desabafou:
- Ele é meu irmão, mas não tem estômago; tem bucho. É um animal... - e continuou xingando até esquecer.
Seguimos viagem e, no final da noite, começaram a aparecer os mosquitos. O menor deles pesava vinte quilos. Insuportável. A gente matava os mosquitos com um pedaço de pau. Devido à invasão fomos obrigados a fechar as janelas do ônibus e suportar o calor de 50 graus lá dentro. Um sufoco, mas que estava longe de acabar. Ainda tínhamos que atravessar um rio de balsa, e a voz de comando do motorista traçou o nosso destino:
- Hora da travessia. Todo mundo fora do ônibus.
Foi um deus-nos-acuda. Quase morri: com a fome e agora atacado pelos borrachudos gigantes. Até pensei em me agarrar num deles e pegar carona até Corumbá.
Finalmente chegamos a Corumbá, já tarde da noite. Fomos procurar um hotel para dormir, já que a maratona continuaria no dia seguinte. Encontramos um Otel (com O mesmo), que não passava de disfarce para um tremendo puteiro. Pegamos um quarto e dormimos os três em duas camas. Os irmãos Cláudio e César, em uma, e eu na outra. O diabo é que os lençóis estavam meio gosmentos, como se tivessem participado de uma orgia, algumas horas antes. Um cheiro insuportável envolvia o quarto todo. Não fosse a exaustão, não dormiria nunca num lugar desses. Mas àquela hora, fazer o quê...
Na manhã seguinte, lá pelas 8h30, acordamos e fomos tomar café, se é que se pode chamar aquilo de café: “uma coisa preta, com um pão dormido e manteiga... manteiga...?” Deixa pra lá...
Nosso roteiro era atravessar a fronteira do Brasil com a Bolívia e seguir para a cidade de Quijarro, já na Bolívia. De lá pegaríamos o “trem da morte” para Santa Cruz de La Sierra. Pegamos um táxi e fomos cedo para Quijarro, no objetivo de comprar as passagens do trem. Aí, São Judas Tadeu entrou em campo e começou a ajudar (e não era sem tempo...a exaustão já começava). Na fronteira do Brasil, os policiais federais viram três malucos vestidos com a camisa do Flamengo dentro de um táxi e vieram logo conferir os documentos. Avisamos que estávamos indo ao jogo do Flamengo em Cochabamba. Um deles perguntou:
- O visto de vocês está em dia, né?!
Deu um branco. Ficamos amarelos, verdes, desesperados. E o Cláudio, tentando se controlar:
- E agora? Nós esquecemos de tirar o visto. E hoje é sábado!
O policial compreendeu o drama e tentou dar um jeito:
- Olha, nós podemos até quebrar o galho aqui, mas se vocês forem pegos... estão fudidos - enquanto falava, ele chamou o supervisor, que disse:
- No Consulado da Bolívia, em Corumbá, costuma ficar alguém de plantão. Se estiver fechado, procura a Consulesa neste endereço e vê o que ela pode fazer - e nos deu o papel.
Enquanto o policial falava eu, de rabo de olho, olhei para os dois irmãos. O Cláudio estava babando de ódio e o César com os olhos vermelhos de raiva. Pensei: tô fudido... Se a gente não conseguir o visto, vou apanhar muuuuuito...
Aí veio o tiro de misericórdia. O Cláudio falou para os policiais, com aquela voz empastada de político do PT:
- Senhor policial. Eu sugiro que o senhor arranje mais dois pares de algemas. Sabe porquê? Fizemos todo esse sacrifício para ver o jogo do Flamengo. Estamos viajando há 4 dias sem parar e, por causa desse “macaco” (apontando pra mim), pode dar tudo errado. Eu vou logo avisando ao senhor! Se a gente não conseguir o visto, eu vou matar esse cara. Se quiser, pode me prender agora...
E o César, completando o detalhe: Nós vamos matá-lo devagarzinho... Ele tem que sofrer muito...Vamos corta-lo em pedaços e dá pros Jacarés...
Cláudio - Pros Jacarés não que Jacaré não come merda... Vamos dá pros porcos...
Os policiais não sabiam se riam ou ficavam preocupados. Me olharam com uma pena...
Agradecemos e voltamos no mesmo táxi (que ficou esperando). O que eu ouvi dentro do carro não posso escrever...“crianças não podem ler ...”. O mínimo de que me xingaram foi de veado. Afinal, era o encarregado de organizar a viagem. Pelo menos ficamos amigos do motorista de táxi, um boliviano residente no Brasil. No caminho de volta ele nos mostrou “sua casa”. Mais uma ajuda de São Judas Tadeu...
Chegamos no Consulado que, felizmente, estava aberto. Conseguimos os vistos e voltamos voando para Quijarro (sempre no mesmo táxi). Chegando à estação, tiramos as malas do carro e fomos comprar os bilhetes do trem. Só tinha de terceira classe, bem no meio do povão, das cabras, gatos, cachorros etc. Com as passagens compradas, fomos comer. Eu e César ficamos no biscoito (não agüentava mais ver biscoito). Já o Cláudio... Bem, o Cláudio encarou uma coisa que parecia macarrão com água. E olha que era a comida de melhor aparência por ali. Pior do que a comida, só a água. Esta ficava num latão, e era servida em conchas. Parecia mais uma sopa, de tão grossa e escura. Tentei comprar uma "Perrier", ou uma "Ëviam", mas estavam em falta... Nunca vi o inferno, e espero nunca vê-lo, mas aquele lugar não deveria ficar muito atrás.
Agora, é preciso falar do trem. Necessário até. O apelido do trem é TREM DA MORTE... Já viram né? Todo de madeira. Galera, alguém aí já andou no ramal de Saracuruna? Isso mesmo. O Trem central do Brasil x Saracuruna é melhor. Puta que pariu. Na primeira classe os bancos pra sentar eram de madeira com alguma coisa parecida com estofado. Na segunda classe, madeira pura, e na terceira...Bem, a terceira era a sucursal do inferno... Banco pra sentar... Artigo supérfluo...
Por volta do meio-dia, quando fomos embarcar, o César sentiu falta da sua bolsa de mão. Foi um tremendo rebu. Pensávamos que tivesse sido roubada, até que ele lembrou que talvez houvesse esquecido no táxi. Por sorte a casa do motorista não era longe. Ele correu e foi até lá, onde o dono almoçava tranqüilamente. Nem o próprio motorista tinha notado a bolsa esquecida. Quase na hora do embarque me aparece o César de volta, aliviado com a bolsa recuperada. Era a hora da minha vingança. Xinguei o desgraçado até cansar.
Descobrimos o nosso vagão no trem. A nossa era passagem de terceira. Ficamos em pé. No vagão devia haver umas cinco milhões de pessoas. O trem, de uma moleza irritante, parava em todas as estações, onde desciam 50 e subiam mil. Além do desconforto, em toda parada os soldados do exército revistavam todo mundo. Abriam as malas e, sem nenhuma cerimônia, jogavam as roupas no chão.
No domingo (ainda no trem), por volta das quatro da tarde, o César ligou seu rádio de pilha e conseguimos saber que o Flamengo tinha ganhado do Madureira por 3 a 0. Isso animou um pouco, porque a viagem já estava se tornando insuportável.
Chegamos a Santa Cruz de La Sierra no final da tarde de domingo, cinco dias depois de sair do Rio. E ainda não havíamos chegado ao destino final. Para nossa sorte (sempre São Judas Tadeu), encontramos na estação um senhor chamado Cabrita, um brasileiro que residia em Santa Cruz e que disse ter sido jogador de futebol em São Paulo.
Contamos ao Cabrita o nosso drama, ou melhor, nosso objetivo: chegar a Cochabamba segunda à noite, para esperar a delegação do Flamengo. Ele foi do caralho. Começou a procurar algum meio de transporte por terra, pois não havia vôos regulares. O diabo era que o ônibus que fazia Santa Cruz de La Sierra - Cochabamba só nos deixaria na cidade na terça-feira, dia do jogo, às quatro da tarde.
Até que ele disse:
- Só tem uma solução. Vocês pegarem uma carona. No posto federal da cidade ficam várias pessoas na mesma situação de vocês. A carona é paga - o preço é barato e amanhã de manhã vocês chegam lá.
Não tinha outro jeito. Ele nos levou até o tal posto. Não demorou muito apareceu um caminhão carregado de açúcar e banana, que ia para Cochabamba. Combinamos o preço (cerca de dois dólares por pessoa) e embarcamos na carroceria. A temperatura já era baixa, por volta dos dez graus positivos. Enquanto subíamos a Cordilheira dos Andes, a temperatura caía cada vez mais. Por volta da meia-noite devia estar na casa do zero grau.
Foi terrível. Nós só comíamos banana – pelo menos não era biscoito. E o frio era cada vez mais forte; nós cantávamos, gritávamos, pulávamos para aquecer o corpo. Pensei que ia morrer. Lá pelas cinco da madrugada o caminhão parou numa birosca para comermos alguma coisa. Aí aconteceu uma coisa incrível. Um menino, de aproximadamente dez anos, nos olhou e gritou!!!:
- Ustedes son brasileños, si? Son de Flamengo! El Zico! Adonde esta Zico?
O nosso moral, que estava lá embaixo, deu uma guinada de 1000 graus. Porra estávamos em cima da Cordilheira dos Andes, onde nem Cristo foi, num lugar ermo, quase inacessível. E aquela criança conhecia nosso clube e, principalmente, nosso “Deus” – Zico! A alegria voltou. Juntamos os restos de nossas forças para agüentar o rojão, até porque não tinha como voltar.
Chegamos a Cochabamba por volta das nove da manhã de segunda-feira. Foram seis dias de sufoco. Procuramos um bom hotel (com h), tomamos banho e dormimos numa cama confortável até o meio-dia. E aí, finalmente, fomos comer uma refeição decente.
Alimentados, fomos para o Aeroporto receber a delegação do Flamengo, que chegou às 19h. O time estava tão prestigiado que até a Consulesa do Brasil foi recebê-lo. Os dirigentes, jornalistas e jogadores ficaram abismados com a nossa coragem. O Domingo Bosco, supervisor do Flamengo e, na minha opinião, o grande responsável pelo sucesso do time, se colocou à nossa disposição para qualquer coisa de que precisássemos. O Cláudio perguntou se seria possível conseguir ingressos para a partida, o que prontamente foi prometido.
A gentileza do Bosco foi um tanto exagerada e ele nos deu ingressos para a Tribuna de Honra. O diabo é que, naquela época, toda a América do Sul era comandada por ditaduras militares, cujos líderes não eram famosos pela gentileza. Na Bolívia, então, toda semana morria um milico, morto por outro milico, que assumia o posto de "presidente". Para nosso azar, o ditador de plantão resolveu sair de La Paz e ir a Cochabamba assistir ao jogo, mesmo sabendo que alguém podia tomar sua cadeira na capital.
Nós não sabíamos deste detalhe e fomos para o estádio. Como estava frio, fomos cobertos de casacos. Quando chegamos fomos conduzidos às tribunas. De dois em dois minutos éramos revistados, primeiro pela Polícia Civil, depois a Federal, o Exército e, por fim, os capangas do ditador. Era um tal de abrir casaco, tirar casaco, sacudir casaco, um saco. O Cláudio, um cagão de marca maior, tremia dos pés à cabeça, repetindo a toda hora:
- Nós vamos morrer aqui. Já pensou, um golpe militar logo agora.
Demos um jeito e colocamos nossa faixa: RAÇA RUBRONEGRA – SEMPRE PRESENTE, ao lado da Tribuna Especial. Isso nos alegrou muito. Era um compromisso da torcida está em todos os lugares do mundo. Vendo a faixa estendida nos abraçamos e vimos como valeu a pena todo nosso sacrifício.
Até que o homem chegou. O General veio coberto de medalhas até o dedão do pé. O cara andava curvado de tanta condecoração. Nós ficamos ao lado dele, apavorados com a perspectiva de uma tentativa de assassinato que errasse o alvo. Não sobraria nenhum de nós. Um sufoco.
Antes do jogo no hotel da delegação do Flamengo soubemos que o time deles estava sem goleiro. O titular estava machucado e os dois reservas imediatos tiveram algum tipo de problema. Resultando, chamaram pra jogar um antigo goleiro que já estava aposentado. Quando vimos o cara deu vontade de rir. Devia ter 300 anos, careca e com uma barriga maior do que a do Ronaldo Fenômeno na Copa da Alemanha. O César falou:
- Com esse goleiro aí é só chutar que é saco.
Não deu outra. Metemos 2 x0 e o goleiro barrigudo tava doido pra tomar mais.
Após o jogo, tivemos a maior e melhor das surpresas (fora a vitória do Mengão, claro!). Através do Paulo Dantas e do Domingo Bosco, as Linhas Aéreas Bolivianas, que haviam levado a delegação do Flamengo, nos concederam, de cortesia, as três passagens de volta ao Brasil. Regressamos com o time. Já imaginou fazer o mesmo trajeto na volta? Era morte certa.
Mas aí outro problema. Galera, alguém aí já viajou na gloriosa Linhas Aéreas Bolivianas 25 anos atrás? Duvido!!!. Caraca, vale a pena descrever o avião: Gente, a aeronave era uma sucata da primeira guerra mundial. Tinha duas hélices, podem acreditar. Era o único avião do mundo que pra levantar vôo neguinho tinha que “empurrar”... juro... eu vi. O serviço de bordo... serviço? Nos ofereceram um sanduba de mortadela e um Q,refresco de uva... Eu tive a petulância de pedir um copo d,água e ouvi:
- ta com sede? Vai lá no final do avião e pega porra...Quer mole? Senta no colo do Papa...
Bem, Vi o Zico com um terço na mão rezando até chegar ao Rio...; O Junior tava abraçado a uma imagem de São Judas Tadeu e só largou em casa...; O Adílio completamente branco; o Andrade ficou orando de joelho em cima do banco até o final da viagem... Os outros jogadores??? Nem vou falar... Caramba, que sufoco...
Bem, depois de 9 horas e 2.300 minutos chegamos ao Rio são e salvos completamente pilhados para a grande final da Libertadores. Com a certeza de que seriamos campeões.
Nossa aventura foi fartamente noticiada em jornais e revistas do Brasil. O Globo da época publicou na primeira página: UMA FAIXA ESTENDIDA NA RAÇA. Inspirou, inclusive, ao escritor Carlos Eduardo Novaes escrever o livro "Uma Odisséia no Oriente".
Passada a epopéia boliviana, veio a grande final da Libertadores. No meio disso tudo, o Flamengo ainda comandava o Campeonato Carioca. Na semana que antecedeu a viagem para o Chile, o Flamengo viveu talvez o maior mês da sua história. Confiram:
08/11/1981: Flamengo 6 x 0 Botafogo - fechamos de vez o caixão da cachorrada, acabando com qualquer resquício de orgulho da parte deles. Agora, nem freguesia, nem goleada, nem nada...
10/11/1981: Flamengo 6 x 1 Americano - pelo menos o time de Campos fez um gol;
13/11/1981: Flamengo 2 x 1 Cobreloa - partíamos decididos rumo ao Campeonato Sul Americano;
15/11/1981: Flamengo 3 x 0 Fluminense - só não foi de seis porque um torcedor tricolor invadiu o campo e, de joelhos aos pés do Zico, implorou clemência;
20/11/1981: Flamengo 0 x 1 Cobreloa - perdemos quando podíamos, e nos salvamos de um massacre;
23/11/1981: Flamengo 2 x 0 Cobreloa - Campeão da Copa Libertadores das Américas;
26/11/1981: Flamengo 5 x 1 Volta Redonda - Campeão do terceiro turno do Campeonato Carioca. Vantagem de dois jogos na final;
28/11/1981: um acidente nas ilhas Cagarras, no Rio, mata o maior treinador do Brasil - Cláudio Coutinho;
29/11/1981: Flamengo 0 x 2 Vasco - tiramos o Vasco do coma;
02/12/1981: Flamengo 0 x 1 Vasco - debaixo de um toró, aos 45 do segundo tempo, tiramos o Vasco da UTI. Só batemos em gente do nosso tamanho;
06/12/1981: Flamengo 2 x 1 Vasco - Campeão Carioca de 1981;
13/12/1981: Flamengo 3 x 0 Liverpool - Campeão Mundial de Futebol de 1981.
Quando vejo jogador de futebol reclamando do calendário hoje em dia, leio esta lista e dou risada.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Pérolas do Mundo da Bola
Boa notícia: Você não está só!
Até jogadores experientes e
pessoas envolvidas no mundo
futebolístico "chutam" pra fora
de vez em quando errando feio!
É... Acertar a rede nem sempre é fácil.
"Não foi nada de especial, chutei com o pé que estava mais a mão!" João Pinto (jogador do Futebol Clube do Porto, de Portugal).
"O meu clube estava à beira do precipício, mas tomou a decisão correta: deu um passo à frente." João Pinto (jogador do Boavista, Benfica, de Portugal).
"O difícil, vocês sabem, não é fácil..." Vicente Matheus (eterno presidente do Corinthians).
"Jogador tem que ser completo como o PATO, que é um bicho aquático e gramático." Vicente Matheus (eterno presidente do Corínthians).
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Que sujeito artificial...
Por exemplo: - o futebol antigo. Era, a meu ver, um fenômeno vital muito mais rico, complexo e intrincado. Hoje, os jogadores, os juízes e os bandeirinhas se parecem entre si como soldadinhos de chumbo. Não encontramos, em ninguém, uma dessemelhança forte, crespa e taxativa. Não há um craque, um árbrito ou um bandeirinha que se
imponha como um símbolo humano definitivo. Outrora havia o "juiz ladrão". E hoje?
Hoje, os juízes são de uma chata, monótona (pseudo)honestidade.
E vamos e venhamos: - A virtude pode ser muito bonita, mas exala um tédio homicida e, além disso, causa úlceras imortais. Não acredito em honestidade sem acidez, sem dieta e sem úlcera.
Mas ponha um árbitro insubornável diante de um vigarista. E verificaremos isto: - Falta ao árbitro a f, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista. O profissionalismo torna impossível (ou quase) o juiz ladrão. E é pena. Porque seu desaparecimento é um desfalque lírico, um desfalque dramático para os jogos modernos.
Vejam vocês que coisa melancólica e deprimente: - um jogo de futebol tem 22 homens. Com o juiz e os bandeirinhas, 25. Acrescentem-se os gandulas e já teremos um total de 29. Vinte e nove homens e nem um único e escasso canalha, nem um único e escasso vigarista! Eis a verdade, que levaria um sujeito ao desespero e à úlcera: - as condições do futebol contemporâneo tornam impraticável a existência do canalha. Vez ou outra o canalha pode existir, mas contido, frustrado, inédito, sem função e sem destino.
Nelson Rodrigues dizia: “O passado tem sempre razão”.
Não sou saudosista (nem tenho idade pra isso), mas a figura do árbitro, realmente, me incomoda.
Nelson já falava de como o futebol era mais romântico nos tempos idos. No caso, nas décadas de 10 e 20. Retomando, a mesma impressão tem a minha geração sobre a década de 90. “Quando se jogava o futebol de verdade”, pensamos. Assim também pensarão os garotos de oito, nove, onze anos de hoje, quando daqui a 15 esbravejarem que não se fazem mais Kakás, Ronaldinhos, Cristianos Ronaldos, Gerrards, Drogbas como em seus tempos.
Rafael Garça
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
CONDE FIDALGO NA ÁREA!!
Nobres tricolores
Primeiramente, gostaria de agradecer aos que participaram dando opiniões sobre as duas primeiras colunas do Conde Fidalgo, o debate sobre o nosso Fluminense é sempre salutar. Ultimamente, então, o que não tem faltado é assunto, desde a campanha do clube no ano até as várias especulações para 2008. Infelizmente, como comentei anteriormente, minha rotina é meio cheia, o que me impede de sempre ler as mensagens; mas, sempre que posso, dou uma olhada com carinho.
Ao final da coluna, falaremos rapidamente sobre a atual especulação dos reforços tricolores.
O assunto do mês – as 3 paredes
Findo o campeonato brasileiro de 2008, que foi marcado pela navegação em mares calmos do São Paulo, que alcançou o pentacampeonato, a boa campanha geral dos times cariocas (pela primeira vez na era dos pontos corridos os quatro ficaram entre os dez primeiros, sendo que o Flu obteve sua melhor colocação) e pela queda do Corinthians, que há 2 anos atrás serviu de “projeto-piloto” para a máfia russa-futebolística, levando o título brasileiro de uma forma, diríamos, no mínimo duvidosa, obtivemos a seguinte campanha:
Posição Final: 4o colocado – 61 pontos ganhos;
Campanha: 16 vitórias, 13 empates e 9 derrotas;
Saldo de Gols: 57 próprios / 39 contra – 18;
Artilheiros: Thiago Neves – 12 gols; Somália – 8 gols; Cícero – 6 gols; Alex Dias – 5 gols;
Penso que a campanha do clube, levando em conta o elenco atual e a nova situação que se desenhou após a conquista da Copa do Brasil (vaga garantida na Libertadores), foi até boa (o Santos, 2o colocado, ficou apenas um ponto na frente do Fluminense). Fizemos algumas boas partidas, outras nem tanto; dentre alguns pontos positivos, podemos destacar a saída do farsesco Carlos Alberto, que deu possibilidade a Thiago Neves de mostrar seu potencial, beliscar a artilharia do time e ser o primeiro jogador tricolor a ganhar a Bola de Ouro da Placar (o resultado saiu hoje) e a solidez da nossa defesa, na verdade, o setor mais bem armado do time após a chegada de Renato Gaúcho.
Olhando o número de gols tomados pelo Fluminense – 39 – a segunda defesa menos vazada do campeonato, atrás apenas dos inacreditáveis 19 gols em 33 jogos sofridos pelo São Paulo, podemos realmente auferir o destaque desse setor. Apesar da tardia chegada do Gabriel e das raras boas atuações do Junior César, sem contar o inexplicável Fernando Henrique, o rei das piruetas e da fanfarra, a zaga Thiago Silva e Luiz Alberto jogou muito bem praticamente todo o campeonato, segurando a onda, mesmo quando Fabinho e Arouca não conseguiam parar os adversários na frente da área.
É justamente sobre o Thiago Silva e mais 2 monstros que vestiram a camisa tricolor, que quero falar nessa coluna.
Em conversas recentes com tricolores, é difícil uma unanimidade como hoje é o zagueiro Thiago Silva. Após passar um período nas divisões de base do próprio Fluminense, sendo dispensado pelos dirigentes “geniais” de Xerém quando estava no infantil (eles, sempre com “critério”, devem ter preferido apostar no Zé Carlos, no Cruz, no Thales, etc), Thiago fez uma ótima campanha no Juventude, se transferindo para o exterior (teve poucas oportunidades no Porto e no Dínamo de Moscou). No início de 2006, após ver a dupla Gabriel Santos e “PerIgor” entregar junto com o restante do time a vaga na Libertadores em 2005, a diretoria tricolor, numa das únicas “bola dentro” do ano passado, sob a indicação do treinador a época, Ivo Wortmann (que levou Thiago para o Juventude e depois o indicou para o futebol russo) contratou Thiago para a zaga; apesar de inicialmente vir para compor o elenco, rapidamente Thiago Silva conquistou a vaga de titular, com seu futebol de rápidas antecipações e muita técnica; apesar de ter feito parte de um elenco muito ruim, que quase levou o time a Segundo Divisão, Thiago se tornou ídolo da torcida. Em 2007, só fez melhorar e, ao lado de Luis Alberto, formar a segunda melhor dupla de zaga do Brasil, em termos de números. Ontem, na eleição do melhor zagueiro central do campeonato, perdeu para a revelação são-paulina Breno.
Mas, fica a pergunta: Thiago Silva foi o melhor zagueiro do Fluminense nos últimos 30 anos? Para a galera mais nova sim, apesar de terem Edinho como uma referência e Ricardo Gomes como um exemplo a ser seguido. Para alguns, Thiago supera os dois anteriores em técnica e velocidade, mesmo não ganhando os títulos que os outros ganharam.
Mas será que isso é verdade?
Vamos voltar um pouco no tempo...
Edinho
Uma, duas ou três páginas seriam pouco para resumir a carreira desse espetacular zagueiro chamado Edinho. Mas, vamos tentar: revelado pelo próprio Fluminense, Edinho fez parte daquele que é considerado um dos maiores times da história tricolor, a “Máquina”, que ganhou os Estaduais de 75/76. Em excelente fase, fez parte da Seleção Brasileira que ficou em 3o lugar no Mundial da Argentina, em 78. Continuou no Flu mesmo após o desmonte da máquina pelo presidente Francisco Horta, que fez o clube ter campanhas apagadíssimas de 77 a 79 e, sempre como ídolo e referência da equipe, se tornou uma das peças mais importantes da conquista do título estadual de 1980, tendo feito o gol do título contra o Vasco (o Conde estava lá), batendo uma falta bem no cantinho do goleiro Mazzaropi. Ao final de 82, numa transação altamente conturbada para a época, a Udinese de Zico levou Edinho, que se transformou logo num dos ídolos daquela equipe. Em 1986, foi titular da Seleção Brasileira ao lado de Julio César, equipe que acabou eliminada nos pênaltis para a França; retornou ao Brasil para o Flamengo, onde, em 1987, ganhou o título da Copa União, numa equipe que continha 2 jogadores que seriam muito importantes 8 anos depois, ganhando um título pelo Fluminense contra o próprio Flamengo, no ano do seu centenário – Ailton e Renato Gaúcho.
Mesmo tendo atuado pelo Flamengo, a identificação de Edinho com o Fluminense fez ele voltar em 1988, sendo titular absoluto do time que ficou em 3o lugar no campeonato brasileiro; em 1989, após uma confusão causada por um dirigente imbecil, acabou sendo afastado do clube, indo parar no Grêmio, onde ganhou a Copa do Brasil. Após essa conquista, uma séria contusão fez o grande ídolo encerrar a carreira. Como treinador, Edinho nunca obteve o mesmo sucesso, tendo algumas passagens apagadas no Flu.
Quem se lembra, nunca há de esquecer: Edinho era um craque. O conceito de ídolo se encaixa perfeitamente nele. Firme na zaga, muito bom de cabeça, também sabia jogar com a bola no pé. Quando saía para o ataque, suas arrancadas levantavam a torcida e, ocasionalmente, tinha bola no fundo da rede. Em 1980, num Maracanã espetacularmente lotado, com o Vasco levemente favorito, Edinho soube colocar como poucos uma bola que explodiu a torcida tricolor que já completava 3 anos sem títulos, conquistado com uma equipe que tinha, além dele, Cláudio Adão como referência para uma série de garotos bom de bola, como Robertinho, Deley, e Gilberto. Mesmo tendo vestido a camisa do Flamengo em 1987, a torcida clamou por sua volta em 1988 e ele liderou uma equipe limitada, mas aguerrida, que só foi vencida na semifinal pelo campeão brasileiro daquele ano, o Bahia. Sua saída do clube foi um tanto problemática, mas tricolor que é tricolor nunca esquecerá de Edinho, que soube tanto honrar o manto das 3 cores que traduzem tradição.
Ricardo Gomes
Acho até um pouco engraçado que as gerações mais novas e os mais desavisados tachem este grande zagueiro como “lento”. Quem viu Ricardo Gomes jogar, no auge da sua carreira, nunca falaria uma bobagem como essa. Resumir um jogador clássico e de grande técnica como “lento”, é muita miopia.
Ricardo também foi cria da casa e entrou na equipe titular num momento conturbado. Com o clube em crise política, no último ano do fraquíssimo mandato do então presidente Silvio Kelly, numa época que o Flamengo tinha a hegemonia do futebol carioca, o Flu apostou num elenco de jovens promessas – Ricardo, Jandir, Tato, Branco, aliado a dupla que fez grande sucesso no Atlético-PR em 1982 – Assis e Washington, complementado por outros jogadores que já estavam na casa, como Paulo Victor e Deley, que, comandados por um Cláudio Garcia inspirado, surpreendeu o Rio e venceu o campeonato estadual. Ricardo, jogando ao lado de Duílio e tendo que cobrir as avançadas constantes de um Branco que tinha fome de ataque, nunca deixou a peteca cair.
Rapidamente se tornou ídolo da torcida, que via no seu futebol a mais pura classe em forma de zagueiro. Jogando na época contra alguns dos maiores atacantes da história do futebol brasileiro, como Romário, Roberto, Careca, Cláudio Adão e Bebeto, apenas para citar alguns, Ricardo era um exemplo na hora da antecipação e no jogo aéreo. “Lento” ? Não me façam rir...lembro até hoje de um ponta direita velocíssimo que o Botafogo tinha, chamado Helinho. Nos jogos contra o Botafogo, Ricardo ia lá e apostava corrida contra esse Helinho, ganhando a maioria das vezes. Pelo Campeonato Brasileiro de 1987, numa noite de chuva torrencial no Rio de Janeiro, Flu e Grêmio fizeram um jogo dramático, onde um gol de pênalti salvador de Leomir deu a vitória ao Flu. Pelo Grêmio, um atacante velocíssimo que nunca desistia da bola – Renato Gaúcho; quem anulou ele no jogo? Ricardo, sem sequer apelar para faltas.
Após conquistar o tricampeonato carioca (83/84/85) e o campeonato brasileiro (84), o clube, mesmo mantendo um elenco de bom nível, começou a ver os títulos ficarem raros – as principais estrelas da equipe, como Assis, Romerito e Tato, já demonstravam sinais de cansaço; entretanto, o conceito de “queda de rendimento” nunca se aplicou ao nosso excelente zagueiro. O time podia até oscilar, mas Ricardo sempre jogava bem.
Após o sucesso com a camisa do Flu, Ricardo seguiu para o Benfica, onde também obteve grande sucesso, tendo sido inclusive um dos artilheiros da equipe numa temporada; lá em Portugal, ajudou a equipe a vencer os campeonatos da Liga Portuguesa em 89 e 91, além da Supercopa de Portugal em 90; com o grande sucesso adquirido no Benfica, Ricardo foi integrar as fileiras do Paris St Germain, atuando nessa equipe de 91 a 95, tendo vencido o Campeonato Francês de 94 e as Copas da França e da Liga Francesa de 95. Alguns anos depois, encerrou a carreira.
Pela Seleção Brasileira, também conquistou alguns títulos, como o Panamericano de 1987 e a Copa América de 1989; na Copa de 94, seria titular da zaga no torneio, mas uma contusão o tirou da competição, que acabou tendo Aldair e Marcio Santos como zagueiros no ano do tetra.
Entretanto, como técnico, o grande Ricardo ainda não obteve sucesso, tendo passagens até razoáveis por Juventude e Vitória, mas nem tão boas pelo próprio Fluminense e Seleção Brasileira Sub-20. Na Europa, seus trabalhos vêm surtindo mais efeito.
Pois é galera mais nova...muita calma na hora de concluir que o Thiago Silva é do nível dos grandes Edinho e Ricardo Gomes. Esses dois primeiros, assim como o Thiago, tinham muita raça, identificação com a camisa do clube e técnica com a bola no pé. O Conde viu os três atuando e pode afirmar que Thiago ainda está num nível levemente abaixo das outras duas “grandes paredes”.
Além disso, como vocês puderam ler, ainda falta alguma “rodagem” e bagagem de títulos para que ele se equipare aos outros dois, além de uma nova experiência de sucesso no exterior (não agora, temos alguns campeonatos para ganhar aí pela frente...), que foi o que Edinho e Ricardo conseguiram com grande louvor, elevando o nome do Fluminense no cenário internacional.
O que nós esperamos é que o time do ano que vem seja montado para que o Thiago não tenha tanto trabalho lá atrás e possa se destacar ainda mais nas arrancadas na frente, ajudando o clube a ter grandes conquistas em 2008.
Para terminar
A cabeça do torcedor tricolor está a 100 km/h. São tantos nomes e tantas especulações, que já dava para montar uns dois times de alto nível.
Quem leu a coluna anterior do Conde, viu lá alguns nomes que eu já antecipava que seriam os preferidos da diretoria tricolor, fora as outras “cavadas”. Quem na época ficou assustado com a notícia do Renato (ex-meia do Flamengo), já pode ler hoje em vários jornais que o Flu está negociando firme com esse jogador. O lateral Leo do Benfica passou a ser o preferido depois da fraca campanha em 2007 do Gustavo Nery.
O que se fala no clube é que estão certos para 2008 os atacantes Washington e Dodô (dependendo da decisão da FIFA sobre o doping), o volante Fabinho (Tolouse) e o meia Conca do Vasco. Em negociação praticamente concretizada, o atacante Leandro Amaral. Os outros preferidos para a montagem do time são os próprios Renato e Leo, conforme falei no parágrafo anterior, além do goleiro Felipe do Corinthians, que admitiu que, apesar de ter contrato até 2011, pode não permanecer na equipe paulista.
Bom, é isso, me despeço com um grande abraço e desejos de boas festas para todos no fim de ano.
Conde Fidalgo
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Quem diria??
O Corinthians cairia para a segunda divisão?
O Paraná, que acabara de disputar (e bem) uma Libertadores, seria rebaixado?
O recém chegado ( e embalado!) América de Natal só somaria 17 pontos na competição (4 vitórias apenas)?
O sempre bem cotado e super-organizado Goiás só escaparia da segundona na última rodada?
O Internacional não brigaria pelo título nem pela Libertadores?
Os quatro times do Rio ficariam entre os dez primeiros na classificação?
O Flamengo ficaria em terceiro lugar?
O Fluminense ficaria em quarto lugar?
O que mais ninguém imaginaria?
sábado, 1 de dezembro de 2007
6ª Copa Escolar de Beach Soccer
O Evento, realizado pelos organizadores Carlos Garela e Alexandre Novaes, contará com a participação de dez escolas e será dividido em duas categorias: 7 à 9 anos e 10 à 12 anos.
CATEGORIAS:
-Masculino 7 a 9 anos de idade (nascidos entre 1998 e 2000)
-Masculino 10 a 12 anos de idade (nascidos entre 1995 e 1997)
A 6ª COPA DE FUTEBOL DE AREIA DE ESCOLAS DE NITERÓI será realizada nos dias 01 E 02 DE DEZEMBRO de 2007 (Sábado e Domingo), a partir das 8:00h, na Praia de Icaraí no campo em frente à rua Lopes Trovão.
PROGRAMAÇÃO:
SÁBADO: ELIMINATÓRIAS DA CATEGORIA 7 A 9 ANOS- 08:00 ás 12 horas
ELIMINATÓRIAS DA CATEGORIA 10 A 12 ANOS- 16:00 ás 19 horas
DOMINGO: FINAIS DISPUTA 3 E 4 LUGAR 7 a 9 anos- 08:00 hs
FINAIS DISPUTA 3 E 4 LUGAR 10 a 12 anos- 08:45 hs
FINAIS DISPUTA 1 E 2 LUGAR 7 a 9 anos - 09:30 hs
FINAIS DISPUTA 1 E 2 LUGAR 10 a 12 anos- 10:30 hs
Entrega da Premiação para as equipes campeãs programada para as 11:15h.
Cada escola deverá inscrever uma Equipe por categoria. Relação de 12 alunos por equipe contando com o goleiro.
ESCOLAS PARTICIPANTES
COLÉGIO MONSENHOR READER
CRECHE ESCOLA COMEÇO DE VIDA
RECANTO CASA E ESCOLA
BABYLÂNDIA/ATUAÇÃO
COLÉGIO MIRAFLORES
SALESIANO REGIÃO OCEÂNICA
COLÉGIO GRAFITINHO
COLÉGIO OSWALDO CRUZ
COLÉGIO PLUZ
COLÉGIO ALZIRA BITENCOURT
PREMIAÇÃO
1°, 2°, 3° lugar de cada categoria: Troféu e medalha ( Secretaria Municipal de Esporte)
1° lugar de cada categoria: 1 pizza individual para cada atleta na Nikiti Pizza
Artilheiro de cada categoria – Troféu e 1 almoço com acompanhante no restaurante self-service Aluada
Sorteio de 4 alinhamentos de direção na DG Auto Center.
Sorteio de recargas de cartuchos da Long Jet .
PATROCINADORES
DE TARSO VEICULOS
COOPTAX
CASA DAS TELAS
PRAIA GOURMET
PIZZARIA NIKITI PIZZA
STÚDIO DE PILATES
DG AUTO CENTER
CAIÇARA AUTO PEÇAS
ALUADA RESTAURANTE SELF-SERVICE
TOY TOWN PARK
CRECHE ESCOLA ICARAÍ
DEBORA NOIVAS
LONG JET
COR E ARTE BUREAU
LEVE ÁGUA DISTRIBUIDORA
APOIO CULTURAL
SECRETARIA MUNICIPAL DE ESPORTES
BLOG DO GARÇA
BLOG BELA DA BOLA
JORNAL NOTICIAS DE NITERÓI
O FLUMINENSE
JORNAL DE ICARAÍ
Cobertura do evento será realizada pela TV a Cabo Net Canal 36 ( Programa Qualidade de Vida e Saúde – Ornellas ).
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
seleRIO!
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
SeleRIO!
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
SeleRIO!
Aqui no Blog vamos escolher a seleção carioca, ou seja, apontar quais o os jogadores do Rio de Janeiro mais se destacaram em sua posição.
Lá em cima, no canto esquerdo do Blog está localizada a enquete, que terá inicio com os goleiros. Fernando Henrique, Bruno, Silvio Luis ou Roger? VOTEM!
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Ciganos de meia tigela!
A primeira é que eu não pretendo ser aquele tipo de jornalista que faz previsões com grave tom de seriedade no início das competições. A tabela não mostra nada daquilo que a maioria deles, quase que ensaiadamente, martelou o ano inteiro.
Eu nem creio, aliás, que seja função do jornalista esportivo cravar resultados e fazer projeções detalhadas.
*Corinthians e Goiás (queridinhos da imprensa) estão lá na rabeira.
*Inter e Atlético Paranaense (os reis da organização) ocupam posições intermediárias.
*O futebol mais bonito do Brasil, candidato ao título e "garantido" na Libertadores, quase não vai nem pra Sulamericana, falo do Botafogo.
*Já a dupla Fla-Flu (patinhos feios da mídia, este ano) estão no topo. Enquanto o irmão mais velho já está na Libertadores, o caçula está quase lá.
Resumindo, ninguém (ou quase) acertou bulhufas. As previsões deviam servir como um tempero a mais na discussão sobre o futebol, e não como um discurso empolado, ensaiado e vazio sobre aquilo que não se sabe ainda.
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
TIME DE CHEGADA!
Pode parecer clichê, mas a torcida do Flamengo faz a diferença na "hora do vamu vê".
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
Papo com Paulo Emílio
Como treinador, nunca mais. Depois de mais 30 anos de carreira, Paulo Emílio ressurge no cenário como escritor. Ao descobrir um novo talento, o ex-técnico descobriu que, de algum forma, pode contribuir para incrementar a literatura esportiva do País. Nada mais adequado, portanto, do que repassar aos torcedores — e leitores de um modo geral — as memórias de quem sabe o que fala.
Paulo Emílio acredita que cumpriu uma longa missão nos gramados. Agora, ele mergulha em si mesmo, raciocina, reprisa erros e acertos. Acima de tudo, curte a vida que pediu a Deus na bela Ipanema lá no Rio de Janeiro. Freqüenta bares e restaurantes. Às vezes, reencontra velhos amigos.
Após o debate, na Universidade Cândido Mendes, Paulo Emílio me atendeu prontamente e conversamos por alguns minutos.
Confira!
Paulo, você defende a melhor utilização da experiência do treinador dentro do futebol. Comente a escolha do Dunga como técnico da seleção brasileira, já que ele não tem experiência na função e foi escolhido por ter sido um jogador vibrante e ter características que se encaixam na necessidade do momento, que é apagar a imagem passiva deixada pelo Parreira na última Copa.
Eu não mais treinador, então eu posso falar... Eu sou contra! Nada contra a pessoas do Dunga, mas o posto de técnico da seleção brasileira deve ser ocupado por um profissional consagrado, aquele que está melhor no momento. A seleção brasileira deve ser vista como o auge da carreira de técnicos e jogadores. O Dunga até pode ser um vitorioso na seleção, mas nós já tivemos algumas experiências neste sentido que não deram certo, inclusive com o Falcão.
Ele está sendo muito inteligente porque se cercou de bons assessores e o trabalho tá muio bem planejado.
Agora generalizando. Ex-jogadores como treinador... Apenas o fato de ser ex-jogador já é o bastante para ser treinador?
Pois é... esse é um engano que muita gente comete. Todo treinador é ex-jogador. Nós fomos jogadores! O problema é que o nosso tempo de jogador foi esquecido.
O Tostão até fala no prefácio do meu livo: "A prática é importante em qualquer profissão, mas a prática sem teoria é uma grosseira simplificação."
Eu acho que prática e teoria tem que andar de braços dados.
O Parreira, por exemplo não foi jogador*, e é um vitorioso...
(Parreira chegou a tentar a sorte como goleiro, mas não é considerado ex-jogador)
É... mas tem uns dois ou três só. São exceções, pois a maioria foi. Não precisa ter sido craque, mesmo que não tenha sido destaque em grandes times, podem tem jogado em times do interior por aí.
Apenas 3,57% dos jogadores ganham acima de 20 salários minímos e 49,5 % ganha salário mínimo, então esses 49,5% são semi-profissionais, mas eles podem ser treinadores amanhã porque a experiência que eles tem é a mesma daqueles que ganham mais.
O Evaristo de Macedo defende que o treinador também deve ser o responsãvel por todo departamento de futebol. Muita gente acha que essa é uma idéia moderma, mas há muitos anos o Evaristo defende isso, de ser responsável por categorias de base, contratações, renovações de contrato, etc. Qual sua opinião a respeito?
Quando era treinador, eu nunca aceitei nos clubes que eu trabalhei que um jogador fosse dispensado seu meu parecer, seja infantil, juvenil ou profissional.
O Garrincha não ficou no Fluminense na época do Gentil... O Gentil nem sabe que o Garrincha jogou no Fluminense!! Então eu acho que o treinador tem que dar um parecer. O Careca ia ser dispensado do Guarani com dezesseis anos e eu segurei a peteca lá, se não sou eu ele não teria sido revelado no Guarani. O treinador da equipe principal tem que usar a experiência dele e dar a opinião sobre o jogador da base, e acho inclusive que deve supervisionar a parte tática das divisões de base, porque ele é o técnico! Não tem cabimento um cara que nunca jogou bola supervisionar o Futebol de um Clube como nós estamos vendo aí.
Pra mim, o melhor esquema de trabalho que eu ví até hoje foi o do Palmeiras na época do Felipão. O Palmeiras fez um tripé - nas quatro linhas: o Felipão; fora das quatro linhas, como diretor administrativo: Paulo Angione; e como diretor-técnico, um ex-treinador: Lapola. Linkando esse tripé ao patrocinador tinha o Brunoro. O Palmeiras ganhou tudo... então futebol não tem mistério, é só escolher os homens certos para os lugares certos.
Acho que nós estamos vendo muitos aventureiros entrando no futebol sem nunca terem visto bola na vida.
Nome: Paulo Emílio Frossard Jorge
Naturalidade: Espera Feliz/MG
Clubes em que trabalhou: Portuguesa/RJ, Vasco, Botafogo, Fluminense, Santos, Portuguesa/SP, Guarani, Noroeste, Náutico, Santa Cruz, Atlético/PR, Noroeste, São José, Sporting (Portugal), Al Helal (Arábia Saudita) e Cerezo Osaka (Japão).
Títulos conquistados: campeão carioca, em 1975; bicampeão da Taça Guanabara, em 1975/76; campeão capixaba invicto, em 1967; campeão da Taça de Portugal, em 1977/78; vice-campeão brasileiro da Série B, em 1989.
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Craques!!
aparecem na televisão.
Infelizmente o tempo foi curto e não deu para explorar, no bom sentido, tudo aquilo que poderia extrair destas duas FERAS da comunicação esportiva no Brasil.
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Vai rolar...
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
AS QUATRO PAIXÕES - C.R. FLAMENGO
A capacidade que a torcida do Flamengo tem para empurrar o time, em qualquer circunstância, é inigualável. Não é a toa que todo turista estrangeiro que assiste aos jogos do rubro-negro no Maraca, sai daqui com o coração vermelho e preto. A festa que a torcida promove nas arquibancadas é uma coisa ímpar, no mundo. A impressão que se tem é que o time está sempre nas primeiras colocações das competições que disputa tal o entusiasmo que a torcida se comporta.
Exemplo maior aconteceu neste campeonato brasileiro de 2007, quando o Flamengo, perigando ficar na zona de rebaixamento, mal das pernas, jogou no Maracanã contra o Sport Recife, num jogo de uma só torcida e quebrou, na ocasião, o recorde de público da competição. Esta vibração, com certeza, é sentida pelos jogadores dentro de campo, quando tem seus nomes cantados, suas jogadas aplaudidas, botando, como se diria antigamente, o coração na ponta das chuteiras.
O time do Flamengo, nestas últimas rodadas, cresceu graças a algumas contratações que se encaixaram perfeitamente, tanto tecnicamente e taticamente quanto no espírito rubro-negro. Três jogadores, para mim, foram fundamentais nesta mudança de atitude e posição atual. Ibson, Fabio Luciano e Cristian. O primeiro juntamente com o terceiro, deram o equilíbrio necessário a equipe, que nunca teve quando dominada pela “República de Ipatinga”, que tirou da Gávea bom número de valores oriundos das divisões de base, em detrimento de algumas personagens que chegavam a ser hilárias no nome, como Walter Minhoca. Minhoca é da terra, portanto é bom lá em Ipatinga. Só para lembrar, a culpa não é daqueles jogadores e sim de quem os contratou. No caso, mais uma minhoca da terra, o treinador Ney Franco, que bancou todos os nomes.
Voltando a Ibson e Cristian, são jogadores, tecnicamente, bons, que sabem defender e atacar com a mesma eficiência. Diferentemente de alguns “Paulinhos” que raspam o calção no chão o tempo todo, jogando mais sentados do que em pé. Quando têm que passar a bola, passam errado. Com isso o rubro-negro carioca consegue ficar mais tempo com a posse de bola, dando menos oportunidades de o adversário chegar a condições de ameaçar sua meta.
Fábio Luciano não é um grande zagueiro, mas tem bom senso de colocação e voz de comando que faltava a defesa do Flamengo. Dá muito bico para cima? Dá. Mas quando a gente não sabe muito e não tem lá estes recursos, melhor jogar a “bola pro mato”. É o que o Fábio faz.
O resto da galera acabou subindo de produção com estes que chegaram. Leonardo Moura é, disparado, o melhor lateral direito do Brasil, já vinha sendo o grande nome do time. Pelo outro lado, Juan também é eficiente. Angelin, que particularmente não gosto, deu uma melhorada com a companhia de Fábio Luciano. A defesa se arrumou.
No meio campo, o garoto Rômulo, que se machucou no Fla-Flu, cumpria a função burocrática de ser o primeiro volante de contenção. Não é melhor, nem pior, dos que existem por aí. Mesmo defeito. Desarma bem, mas não sabe sair jogando. Renato Augusto, que seria o que viria a compor este quarteto, com Ibson, Cristian e Rômulo, caiu de produção e, ainda não encontrou seu melhor futebol. Não é nenhum craque, mas está acima da média. Toró continua esperando cair a chuva que lhe deu o apelido. Melhorou? Sim. Era peça nula.
Na frente, taticamente a entrada do primo do Messi, Maxi Biancucchi, taticamente, deu movimentação as ações ofensivas do time. Prende muito a bola, mas corre muito e atua numa faixa de campo que não era ocupada, há muito tempo pelo time rubro-negro. Finalmente, Souza, que nas últimas partidas do Mengão entrou em forma e está cumprindo direitinho sua missão de artilheiro, prender a bola no ataque e até voltar para marcar na própria área.
Méritos maiores para Joel Santana, que pegou o time numa situação crítica e soube fazer a leitura certa para tirá-lo do sufoco.
O banco rubro-negro hoje é um dos melhores do campeonato. Diego (já foi titular), Thiago Sales (bom zagueiro vindo da base), Egídio (outro que entra e corresponde), Roger (é craque, mas ainda não quis jogar no Flamengo), Obina (o xodó da torcida que quando entra a galera vai ao delírio) e ainda tem Rodrigo Arroz e o Luizinho, que não são nomes tão animadores.
Por isto tudo o Flamengo cresceu dentro da competição e hoje já disputa as dez melhores colocações. Quem diria ontem na zona de rebaixamento e agora peruando as primeiras colocações.
sábado, 20 de outubro de 2007
Romário neles!
E isto ocorreu, finalmente, no último dia 20 de maio, no Estádio do Vasco em São Januário no Rio de Janeiro, onde o atleta começou sua vitoriosa carreira.
Tenho alguns amigos que se dizem cansados em ouvir falar em Romário e sua contagem própria para alcançar a marca dos mil gols, até agora só ultrapassada pelo incomparável Pelé.
De fato, quem acompanha o futebol de perto sabe que Romário já não consegue mais empolgar o torcedor pela sua velocidade, potência e habilidade que o caracterizou ao desfilar seu talento por 10 equipes pelo mundo afora, além, é claro, da seleção brasileira, em uma carreira que dura já mais de 20 anos.
O que não se pode negar, entretanto, é a beleza deste jovial sentimento apaixonado que Romário demonstra, ao longo do tempo, pelo futebol.
Com inteligência, maturidade, equilíbrio, autoconfiança, mas, sobretudo com uma enorme paixão, o Baixinho consegue superar as dificuldades e limitações biológicas impostas pelo tempo de forma extraordinária.
Como alguém já disse, a paixão é um sentimento mágico que torna nossas ações mágicas e nos permite alcançar objetivos também mágicos.
Este é um dos legados que nos deixa Romário. Ele nunca foi considerado um modelo de profissional exemplar. E talvez o gol 1.000 não tenha sido exatamente o gol 1.000. Mas acho que isso é o que menos importa. Sua paixão pelo que faz, isso sim é exemplar e merece ser comemorado.
Ao lado de Ronaldo e Edmundo, Romário foi o maior jogador que eu vi jogar, mas... chega, Romário; foi deprimente vê-lo ser preterido por dois ou três "cabeçudos" no clássico contra o Fla.
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Clássico dos Milhões
Quinta feira é dia de Flamengo e Vasco no Maracanã.
O Futebol é um dos esportes mais democráticos que existe. Dentro do campo, por exemplo, não prevalecem sobrenomes, classes sociais ou níveis de escolaridade. Todos os atletas são iguais e têm nas mãos instrumentos parecidos. Por outro lado, a torcida vibra com a mesma paixão, sentimento que reflete um convívio pacifico entre torcedores de todas as camadas sociais. Esta mágica do esporte que, em dobradinha com o carnaval, cria um elo entre a cidade e as comunidades carentes. E é muito mais importante na integração das próprias comunidades. E também funciona como um meio do povo extravasar todas suas emoções.
Que as duas torcidas encarnem o verdadeiro espírito do futebol e proporcionem um verdadeiro show, mostrando-nos o verdadeiro motivo de estarem ali.
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
FLUMINENSE FOOTBALL CLUB
Deixemos os questionamentos e o regozijo da vitória momentaneamente de lado, porque o assunto da coluna é outro.
Na anterior, falávamos da importância da montagem do elenco para 2008. O início do próximo ano será o mais importante dos últimos tempos, porque a equipe tem que entrar para ganhar o Estadual (o Flamengo agora tem apenas 1 título a menos que o Flu) e fazer uma grande campanha na Taça Libertadores da América, se possível coroada com o título. Na nossa última disputa da Libertadores, em 1985, a soma de um elenco desacostumado com torneios daquele calibre com o azar de pegar dois times argentinos “tinindo”, Argentino Juniors e Ferrocarril Oeste, resultou numa precoce saída do torneio ainda na primeira fase, frustrando a imensa torcida tricolor, que, naquela época, estava acostumada com títulos consecutivos e esperava mais de uma equipe vencedora que contava com Paulo Victor, Ricardo Gomes, Branco, Deley e Assis, dentre outros.
Vamos aqui fazer uma breve análise do elenco 2007 do Fluminense, expor aos amigos do blog o que vem se comentando dentro do clube em termos de reforços e, no final, com a ajuda da opinião dos amigos, dar o veredicto: quem deve vestir a camisa tricolor para o importantíssimo ano de 2008?
Algumas observações:
No item “Quem o clube quer contratar”, vamos nos ater exclusivamente aos nomes que a Diretoria já anunciou interesse;
No item “Quem o Conde Fidalgo gostaria de ver”, estão as preferências do colunista; entendam, não adianta colocar Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Henry e jogadores do mesmo naipe, que seriam contratações inviáveis no momento.
Goleiros – Problemas à vista !
A inadmissível presença de Fernando Henrique como titular, mesmo com a sua larga série histórica de frangos, entregadas e saídas equivocadas do gol (na outra encarnação, nosso frangote deve ter sido boxer, porque ele soca todas, quando acerta), se transforma num risco que não precisaríamos correr. O mais impressionante é a mídia que esse fraquíssimo goleiro possui, graças ao “trabalho’ incessante do seu procurador Richard Alda, onde, mesmo quando falha, sua atuação aparece no jornal “nota 7. fez defesas importantes, mas no gol nada pode fazer”. A cena do jogo contra o Paraná, onde, sendo chacoteado pela torcida paranista com os gritos (justos) de frangueiro, fazia sinais com as mãos para que o coro aumentasse, demonstram a marra, falta de técnica e empáfia que não condizem com um goleiro titular para o clube. Sabem aquela bola decisiva? Pois é, o Fernando Henrique é aquele goleiro que não vai defender...
Temos até um goleiro de grande potencial no banco, mas que até hoje não “estreou” no clube. Diego foi por 2 anos consecutivos o melhor goleiro do Brasil, tendo sido destaque absoluto do Atlético-PR, vice da Libertadores para o São Paulo. Chegou no Flu e foi mal, falhando em vários jogos – na verdade, sua maior falha foi ter permitido que o Fernando Henrique voltasse a ser titular. Teve duas contusões sérias para um goleiro e não vem tendo oportunidades depois da segunda. Na fase intermediária do campeonato, quando FH se machucou, o Renato preferiu o Ricardo Berna. É um produto em baixa no clube.
Quanto ao Ricardo Berna, é esforçado, parece ser tricolor, mas não dá para pensar em utilizá-lo como titular ou reserva imediato. É um ótimo terceiro goleiro.
A contratação do Gabriel foi uma bola dentro, pois é jovem, tem habilidade e se identificou com o clube. Se jogar muito e a imprensa começar a encher a sua bola constantemente, terá que ser vigiado para não se acabar na noitada, motivo da sua derrocada em Belo Horizonte. Será o titular e tem bola pra isso.
O Carlinhos era a bola da vez para ficar, principalmente pelo ótimo início de ano, mas teve uma queda de rendimento a partir da final da Copa do Brasil. Além disso, sua última contusão abriu espaço para o Rafael, que até hoje não fez sequer uma partida boa pelo clube, apesar de parecer que o Renato Gaúcho gosta dele.
O que se fala no clube: Gabriel será o titular, mas rola um “suspense” entre Rafael e Carlinhos, sobre quem será o reserva; um deles, provavelmente, será dispensado.
Quem o clube quer contratar: não há contratações à vista para essa posição
Quem o Conde Fidalgo gostaria de ver: estaremos bem servidos com Gabriel e Carlinhos, que pode recuperar o ritmo do início do ano. O Rafael só jogou bem no Flamengo, indo mal pelo Vasco, São Paulo e agora Fluminense.
Desnecessário falar sobre o monstro Thiago Silva, o melhor zagueiro do Brasil. Com Luis Alberto e Roger, também estaremos bem servidos, sendo que o segundo ainda pode quebrar um galho (bom) na lateral-esquerda. Entretanto, os jovens Anderson e Sandro não podem ficar como reservas imediatos. O ideal seria contratar um zagueiro para a reserva do Thiago Silva.
Esse ano a comissão técnica apostou na volta do Junior César e no ex-Atlético(PR) Ivan. Se deu mal, porque nenhum dos dois deu conta do recado. O Junior César é um anão corredor, que marca mal e cruza ainda pior. O Ivan nem dá para comentar, lento, desligado, uma coisa horrorosa. Precisamos de 2 laterais.
Fabinho, Romeu, Maurício, Arouca...na base da correria e da falta de nomes bons no futebol brasileiro de hoje em dia, a Diretoria tricolor parece satisfeita com o que tem. Na prática, o time tem demonstrado grande dificuldade na saída de jogo, rifando várias bolas que poderiam ser mais bem trabalhadas. O Fabinho é correria pura, tem se esforçado bastante, mas tem grande dificuldade com a bola, idem o Romeu, sendo que este bate um pouco mais. O Maurício ainda não está pronto. O Arouca, que já provou que não é nem metade do jogador que achavam que ele seria, também corre bastante e até se apresenta para o jogo, mas tem sérias dificuldades em passes curtos e longos, sem contar chute a gol.
Caiu do céu a renovação do Thiago Neves. Nos 2 jogos onde o nosso melhor jogador não esteve presente, foi um Deus-nos-acuda aturar a saída de jogo dos nossos volantes para os senhores David e Cícero. Simplesmente, a bola não fica presa do meio para frente. O David é até esforçado, mas pouco tem a acrescentar. O Cícero até tem certa pose de jogador, cabeceia bem, mas a sua indolência e falta de interesse quando o jogo “pega fogo” revoltam até o mais calmo tricolor. Thiago Neves é imprescindível.
Ficaríamos com Thiago Neves, Renato, Jadson, Fernandinho e Cícero (este como última opção).
Um dos principais problemas do Fluminense é o ataque: não temos hoje no elenco um atacante de “respeito”, aquele que mete medo na defesa adversária. O que temos é um atacante de bom nível técnico, mas envelhecido (Alex Dias), o Tiuí (que já perdeu o “efeito mágico” do Luxemburgo e...voltou a ser o Tiuí), o Adriano Magrão, que arrebentou na Copa do Brasil, mas perdeu o ritmo depois de sua barração pelo Renato e problemas de renovação de contrato, o Soares, que, assim como o Cícero, provou que não é sombra daquilo que alguns achavam que ele seria, o Jean, que já é velho conhecido da torcida carioca, com seu futebol de correria e poucos gols, além de praticamente não ter conseguido jogar pelo Flu, e o Somália, grandalhão, um mix entre o “Sebastian da C&A” e o “Lafond”, com seu futebol de caneladas, que conferiu 8 gols até agora no Brasileiro e teve até algumas poucas boas atuações.
FH, Gabriel, Thiago Silva, Luiz Alberto e Junior César; Fabinho, Arouca, David e Thiago Neves; Alex Dias e Somália
FH, Gabriel, Thiago Silva, Luiz Alberto e Gustavo Nery; Fabinho, Arouca, Renato (Acosta) e Thiago Neves; Alex Dias e Leandro Amaral
Felipe, Gabriel, Thiago Silva, Luiz Alberto e Marcelo (Gustavo Nery); Andrade, Jadson, Renato e Thiago Neves; Magno Alves e Leandro Amaral
Reservas Imediatos: Diego, Carlinhos, Chicão, Roger e Gustavo Nery (Junior); Fabinho, Arouca, Fernandinho e Cícero; Alex Dias e Adriano Magrão.
Outras Opções: Berna, Anderson, Romeu, Soares
Mas, o que a torcida anseia, é um time forte e capacitado para encarar a dificílima Libertadores da América. Além das equipes brasileiras, e lá estarão São Paulo, Santos e, provavelmente, o Grêmio, poderemos ter pela frente River Plate e Boca Juniors, famosos papões de títulos sulamericanos. Apesar do discurso para a imprensa ser outro (o famoso “vestibular” para a Libertadores), os corredores do clube parecem atentos para o fato de que, com esse time, o Fluminense não chegará longe em 2008. As contratações são altamente necessárias, assim como a melhora na estrutura do futebol, que evoluiu muito pouco em 2007.
Que Celso Barros e Branco tenham a sabedoria tricolor na hora de montar a equipe.