Por Rafael Garça
Tô emendando dois posts seguidos porque essa semana foi muito corrida.
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Tem uma música do João Nogueira que diz: "Tudo é passageiro / Mas na vida nada passa / Nem a falta de dinheiro / Nem saudade de solteiro / Nem lembrança de desgraça."
Os botafoguenses que me desculpem, mas esta útlima parte mostra o passado recente que parece assolar cada frase, cada diálogo do torcedor alvinegro.
Conheço uma 'multidão' de botafoguenses, uns dez ou doze, talvez. Digo muitos tomando como base os cálculos do Nelson Rodrigues que estima em dezesseis o número de torcedores alvinegros existentes no planeta. E não fiquem bravos, pois não se trata de deboche, aliás, é uma crônica muito bonita (já postada na íntegra aqui no Blog) que fala sobre os verdadeiros botafoguenses: o típico alvinegro: aquele sujeito supersticioso, conhecedor do glorioso passado do time de General Severiano e faz disso a justificativa para tudo: somos grandes e pronto, dizem eles.
Voltando ao assunto... os recentes insucessos, se é que posso chamar assim, parecem um fantasma assombrando os torcedores. Eita sujeito pessimista! Vejamos: o Botafogo tem, na opinião da crítica, o time mais bem arrumadinho do campeonato, tem um treinador pé quente (de fato!), salários em dia, apoio da imprensa (o que é raro) e precisam apenas de uma partida para faturar o caneco, enfim, tudo conspira a favor mas, ainda assim, eles (torcedores) não 'esquentam o clima'.
Enquanto escrevia estas linhas li uma matéria (globoesporte.com) que listava as razões apresentadas pelos botafoguenses para não ir ao jogo:
* Estádio lotado;
* Receio de enfrentar o Flamengo;
* Brigas de torcidas;
* Azar do Botafogo.
Ora, qual final não teria estádio lotado?? A torcida do Botafogo é, definitivamente, diferente de qualquer outra. E para falar a verdade eu, se botafoguense fosse, preferiria que domingo estivessem no Maraca os torcedores de sempre, e não aqueles que só vão em final. Se não for assim não é Botafogo. Lembro-me da final da Copa do Brasil, em 1999, com um Maracanã entupido de alvinegros. Não deu certo... nem daria.
* Escrevi este texto antes da eliminação precoce pro Americano na Copa do Brasil. Será que a derrota vai abalar time e torcida?
Tem coisas que só acontecem com o Botafogo.
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"... Há, porém, um torcedor, entre tantos, entre todos, que não se parece com ninguém e que apresenta uma forte, crespa e irresistível personalidade. Ponham uma barba postiça num torcedor do Botafogo, dêem-lhe óculos escuros, raspem-lhe as impressões digitais e, ainda assim, ele será inconfundível. Por quê?
Pelo seguinte: – há, no alvinegro, a emanação específica de um pessimismo imortal. Pergunto eu: – por que vamos ao campo de futebol? Porque esperamos a vitória. Esse otimismo é o impulso interior que nos leva a comprar ingresso e vibrar os noventa minutos. E, no campo, o otimismo continua a crepitar furiosamente. Não importa que o nosso time esteja perdendo de 15 a 0. Até o penúltimo segundo, nós ainda esperamos a virada, ainda esperamos a reação. Pois bem: – o torcedor do Botafogo é o único que, em vez de esperar a vitória, espera precisamente a derrota. ..."
Pelo seguinte: – há, no alvinegro, a emanação específica de um pessimismo imortal. Pergunto eu: – por que vamos ao campo de futebol? Porque esperamos a vitória. Esse otimismo é o impulso interior que nos leva a comprar ingresso e vibrar os noventa minutos. E, no campo, o otimismo continua a crepitar furiosamente. Não importa que o nosso time esteja perdendo de 15 a 0. Até o penúltimo segundo, nós ainda esperamos a virada, ainda esperamos a reação. Pois bem: – o torcedor do Botafogo é o único que, em vez de esperar a vitória, espera precisamente a derrota. ..."
Nelson Rodrigues