Por exemplo: - o futebol antigo. Era, a meu ver, um fenômeno vital muito mais rico, complexo e intrincado. Hoje, os jogadores, os juízes e os bandeirinhas se parecem entre si como soldadinhos de chumbo. Não encontramos, em ninguém, uma dessemelhança forte, crespa e taxativa. Não há um craque, um árbrito ou um bandeirinha que se
imponha como um símbolo humano definitivo. Outrora havia o "juiz ladrão". E hoje?
Hoje, os juízes são de uma chata, monótona (pseudo)honestidade.
E vamos e venhamos: - A virtude pode ser muito bonita, mas exala um tédio homicida e, além disso, causa úlceras imortais. Não acredito em honestidade sem acidez, sem dieta e sem úlcera.
Mas ponha um árbitro insubornável diante de um vigarista. E verificaremos isto: - Falta ao árbitro a f, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista. O profissionalismo torna impossível (ou quase) o juiz ladrão. E é pena. Porque seu desaparecimento é um desfalque lírico, um desfalque dramático para os jogos modernos.
Vejam vocês que coisa melancólica e deprimente: - um jogo de futebol tem 22 homens. Com o juiz e os bandeirinhas, 25. Acrescentem-se os gandulas e já teremos um total de 29. Vinte e nove homens e nem um único e escasso canalha, nem um único e escasso vigarista! Eis a verdade, que levaria um sujeito ao desespero e à úlcera: - as condições do futebol contemporâneo tornam impraticável a existência do canalha. Vez ou outra o canalha pode existir, mas contido, frustrado, inédito, sem função e sem destino.
Nelson Rodrigues dizia: “O passado tem sempre razão”.
Não sou saudosista (nem tenho idade pra isso), mas a figura do árbitro, realmente, me incomoda.
Nelson já falava de como o futebol era mais romântico nos tempos idos. No caso, nas décadas de 10 e 20. Retomando, a mesma impressão tem a minha geração sobre a década de 90. “Quando se jogava o futebol de verdade”, pensamos. Assim também pensarão os garotos de oito, nove, onze anos de hoje, quando daqui a 15 esbravejarem que não se fazem mais Kakás, Ronaldinhos, Cristianos Ronaldos, Gerrards, Drogbas como em seus tempos.
Rafael Garça
4 comentários:
excelente,GARÇA;ótima explanação....abs.RUY GUERRA.
Cada coisa em seu lugar!! Imagine só se Eduardo Bueno ouvisse um papo destes!! Brincadeira, mas você está certo!! Afinal, o romantismo já não é o mesmo, contudo, ele ainda existe!! Que não sobrem Gattusos, Gravensens e Sandros Goianos!!
Abração!!
Glorioso Alvinegro (www.gloriosoalvinegro.blogger.com.br)
Garça,
Se vc quiser fazer uma troca de links de blogs, dá um toque.
Tenho o BLOG DO MASSI!
www.blogdomassi.blogspot.com
Abraços
Parabéns Rafael....
Belo texto.
Sds. Celestes
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ENTREM E SINTAM-SE A VONTADE
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