Caríssimos nobres tricolores
Quem vos fala é o Conde Fidalgo, que vai compartilhar esse espaço com todos os torcedores de 30 em 30 dias. Nosso assunto? O Fluminense Futebol Clube, clube das três cores que traduzem tradição, dono de um cartel poderoso de títulos, tradição e histórias fenomenais.
Vamos aqui decorrer sobre os vários temas que cercam o nosso Fluzão, falando da estrutura do futebol, o elenco, as campanhas, o desempenho de nossos dirigentes e as perspectivas futuras. Ano que vem, é ano de Libertadores, torneio que o Flu não participa desde 1985. A expectativa da torcida é imensa e não podemos nos decepcionar novamente.
Na nossa coluna de hoje, vamos falar resumidamente das campanhas da equipe em 2007 e as principais premissas para que o próximo ano não seja uma ducha de água fria na torcida tricolor.
Janeiro de 2007, Planeta Laranjeiras: para variar, no início do ano, após o anúncio da reformulação da estrutura do departamento de futebol, com a entrada do grande ídolo Branco como “homem forte”, começaram a surgir as contratações tricolores. Após uma barca numerosa (ainda bem), poucos sobreviveram ao péssimo ano de 2006 (entre eles os importantíssimos Thiago Silva e Roger). Por isso, foram adquiridos 17 novos “soldados” para o exército tricolor. Dentre eles, as revelações Cícero e Soares, desejados por vários clubes brasileiros, vindos do Figueirense; o repatriado Thiago Neves, revelação do Paraná em 2005; o já rodado e experiente Luiz Alberto, vindo do Santos; a volta de Junior César, vindo do Botafogo; o pantaneiro Alex Dias, após apagada passagem pelo São Paulo; a contratação mais contestada, do volante Fabinho, para o lugar do injustamente dispensado Marcão; e, a contratação mais badalada, do meia Carlos Alberto, vindo da lavanderia de dinheiro Corinthians. Antes do início do Estadual, tudo era festa.
Como de praxe, a contratação de vários nomes, somado ao tradicional “oba-oba” da imprensa carioca, fizeram ser veiculados os velhos chavões, como “a nova máquina”, “o melhor elenco do Rio”, etc; mais uma vez, a análise preliminar, sem embasamento, acabou por provocar uma euforia temerosa, que acabou passando para dentro do clube, provando o fraco desempenho da nova estrutura. Após a pífia participação no Campeonato Estadual, com a velha troca de técnico (saiu PC Gusmão, que não deveria ter ficado, e entrou Joel Santana), onde sequer chegou a uma semifinal de turno, tudo se inverteu: ninguém prestava, o time era uma porcaria, iria lutar pra não cair no Campeonato Brasileiro, etc. Também não era dessa maneira.
E veio a Copa do Brasil. Esse torneio, em particular, passou a ser a tábua de salvação para vários clubes que querem ir à Libertadores, principalmente aqueles que não têm elenco para agüentar o pique forte do Campeonato Brasileiro. Por ser o autêntico “mata-mata”, não necessariamente o time precisa ser “excelente” para vencê-lo, e o Fluminense provou isso mais uma vez. Após um empate suadíssimo na Fonte Nova com o Bahia (2 x 2, gols da dupla Cícero-Soares), caiu Joel Santana. A troca, que já era previsível, recorreu a um velho filho da casa: Renato Gaúcho, que vinha de período desgastante no Vasco, com direito a briga com Romário-gol-1000. Com pequenas mudanças no time, como a efetivação do quase dispensado Adriano Magrão como centroavante titular, e aquele velho paradigma “renatiano” de garra nos jogadores, além de uma dose forte de sorte (quando Luiz Alberto se machucou e entrou aquele que seria o herói do título – Roger) a campanha do Fluminense decolou, com direito a vitória dentro da Arena da Baixada contra o Atlético-PR, gol de Magrão, vitória relevante no Maracanã contra o Brasiliense e, após poucas pessoas acreditarem, depois do empate em 1 x 1 no Maracanã, uma vitória histórica contra o esforçadíssimo Figueirense dentro do Orlando Scarpelli, gol do papa-títulos Roger (o ex-lateral e atual zagueiro, não aquela vedete que hoje veste a camisa do Flamengo), com passe do Adriano Magrão, a grande aposta (que deu certo) do Renato Gaúcho. Um título inédito para o clube, que, diga-se de passagem, foi justo pelo desempenho da equipe nos jogos finais.
Pronto, tudo novamente se acomodou: com o título inédito nas costas, a equipe, que vinha disputando vários jogos do Brasileiro com time reserva, voltou a velha tona: campanha irregular, mau desempenho nos clássicos (até agora, 2 empates com o Vasco e derrotas para Botafogo e Flamengo), boas vitórias em casa (Santos, Atlético-PR), algumas decepções também em casa (Palmeiras, Paraná), algumas surpresas fora de casa (Internacional, Sport). Ameaça de crise nas Laranjeiras, começaram as especulações para o ano de 2007. Quando a crise parecia se instaurar de vez, 10 pontos em 4 jogos, com duas vitórias excelentes fora de casa (onde o time visivelmente joga melhor), acalmaram os tricolores. Se vencer o América-RN (lanternaço do Brasileirão 2007) no Maracanã, chegará aos 40 pontos em 26 jogos e, dependendo dos resultados, pode até terminar a rodada em 5o lugar, fato que ninguém esperava há 6 rodadas atrás. Este campeonato brasileiro está niveladíssimo, com exceção de dois ou três times na parte de baixo da tabela e um da parte de cima.
O Flu comprova, na prática, a tônica do futebol brasileiro de hoje: elenco mediano, com jogadores oscilando constantemente, assim como os resultados e a posição na tabela. Que os sustos acabem até o final do Brasileiro.
Por tudo isso, tomara que a diretoria tricolor e a nossa “madrinha” Unimed tenham se conscientizado do básico: não há mais possibilidade de times somente com “estrelas” darem certo. Jogadores como Felipe, Roger, Pet e Carlos Alberto trazem mais problemas que soluções. Os 6 meses de salário pagos ao farsesco Carlos Alberto em 2007 poderiam ter sido muito melhor utilizados.
Um elenco deve ser equilibrado, com reservas preparados e que não deve ser trocado todo ano em larga escala, somente em casos especiais. Os jogadores que vem da base tem que estar preparados para o futebol profissional, o que não acontece no Fluminense.
No Fluminense há bons jogadores, jogadores medianos e os ruins, como em grande parte dos times brasileiros. O problema é que ano que vem é Libertadores e certamente o elenco deverá ser reforçado, principalmente no meio e no ataque. Além disso, e para isso contamos com a parceira Unimed, os salários não devem atrasar nunca. As eleições do final do ano (papo para futura coluna) também não podem atrapalhar, seja lá quem for o vencedor. Para os jogos fora de casa, operações de guerra, impedindo que o time seja prejudicado fora do campo.
Dentro, vai ter que dar conta do recado.
Sobre o elenco? Isso é papo pra próxima coluna
Grande abraço a todos
Conde Fidalgo
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
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